Guarulhos/SP - 27 de maio de 1984 - domingo de sol brilhante em praça de esportes apinhada de amigos e companheiros de ontem, hoje e sempre, todos ávidos por abraçar aquela figura simples e humilde, que irradia amor e respeito. A gratidão dos ali presentes se manifesta no riso e nas lágrimas, no abraço fraterno e nas reminiscências.
Uma partida de futebol em sua homenagem, à volta, em torno do gramado sob aplausos comovidos, pois presente estava, bem junto de nós, aquele garoto que confortou e cuidou dos hansenianos, que transmitiu aos seus contemporâneos de outrora a palavra de incentivo à prática esportiva, formadora de homens de corpo e mente sãos, haja vista que, com seu comportamento digno, fazia chegar às consciências os exemplos de uma vida sem mácula, dedicada ao trabalho e ao auxílio fraterno a quantos o procuravam; muita caridade, muita fé e trabalho, sem esmorecimento e sempre olhando para frente. Ali presente; o menino da várzea, o rapaz de campo do matadouro, onde fundou seu primeiro clube esportivo no município; o homem que capitaneou e honrou as cores da camisa do selecionado brasileiro de futebol; o Babalorixá que durante todos esses anos vem praticando e prestando a caridade a todos os irmãos em humanidade, e que no passado a incompreensão e a perseguição inquisitorial algum dia afastou por breves anos daquele município.
Mas, alguns anos são nada diante da eternidade e, neste domingo de sol e reconhecimento do povo, dos amigos e das autoridades ao nosso venerado Pai Jaú, sentia-se nele felicidade e o prazer ao correr a vista à sua volta e rever o cenário, algo modificado pelo tempo e pelo progresso, todavia, aqueles mesmos locais, os companheiros já também encanecidos pelo tempo, e divisava-se em cada rosto a alegria festiva de rever, naquele homem simples e bom, a árvore frondosa de uma existência digna, exemplo vivo do cidadão eterno, quer em sua vida particular, quer na sua vida pública, mais ainda com o emérito sacerdote de uma Umbanda que a cada dia vê crescer em número e representatividade. Ainda hoje as suas palavras são de amor e respeito às crianças e aos idosos, de incentivo aos que temporariamente encontram-se no desespero e, primordialmente, de união entre os seus irmãos de fé e para a humanidade, a fim de que cheguemos todos à paz.
"A nós outros, que temos a felicidade e o privilégio de poder compartilhar os passos de Pai Jaú, fica indelevelmente gravado em nossas mentes suas palavras e ações, sua vida, nomes e acontecimentos que não caberiam em um único livro, mas o exemplo maior de infinita caridade e amor, distribuídos à mancheias que a nossa pequenez permite apenas e mui palidamente tentar imitar. Que Oxalá o abençoe e guarde hoje e sempre. Sua benção Pai Jaú."
Rui N. Chagas
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