Horários De Atendimento

Segundas - 20 Hs - Mãe Claudete e Pai Joãozinho.
Quartas - 20 Hs - Mãe Marta e Pai Ney.
Sextas --- 20 Hs - Mãe Sueli e Pai Joãozinho.
Sábados - 19 Hs - Mãe Sueli e Pai Joãozinho.


Endereço - Rua Meciaçu 145 Vila Ipê - Campinas SP.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Nosso Terreiro, o Terreiro da Vó Benedita foi tema de uma Pesquisa Cientifica por alunas da UNINOVE de SP, do curso de psicologia, o tema abordado foi o Casamento Coletivo e principalmente o Casamento Homoafetivo e a Homosexualidade na Umbanda, a intenção em divulgar esse estudo não é afrontar a opinião de ninguem, apenas é uma forma de afirmar que TODOS TEMOS O DIREITO DE SER FELIZES NESSA VIDA, muito obrigado as pesquisadoras pelo olhar carinhoso e respeitoso a nossa casa.
Por favor leiam sem pressa e reflitam:

INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA SOBRE O FUNCIONAMENTO DE PRÁTICAS RELIGIOSAS

KARINA FERREIRA DE ALKMIM
PRISCILA FERNANDA DO VALLE
RENATA ROCHA SANTOS MONTEIRO

UNINOVE
SÃO PAULO – SP
2016

Introdução
A proposta deste estágio profissionalizante em organizações é de apresentar ao grupo de estagiários uma proposta de oficina empírica de leitura e de escrita em linguagem científica de um tema tabu como a ciência da religião. Tem como meta desenvolver estas habilidades tão necessárias tanto na vida acadêmica, quanto profissional. Seja como psicólogos atuantes nas mais diversas áreas da profissão, seja como pesquisadores, ou ainda como acadêmico, são fundamentais a clareza, objetividade e a perspectiva da imparcialidade metodológica na comunicação verbal e escrita. Visa com isso que os formandos articulem saberes de sua área de ciência, desenvolvendo mais o espírito, a atitude e os pensamentos críticos e investigativos postulando de forma adequada suas propostas e renunciando aos saberes e preconceitos estabelecidos pelo senso-comum. Por eleição em sala de aula as estagiárias optaram por pesquisar a religião de matriz africana Umbanda, por ser um tema atual, polêmico, e cheio de pré-conceitos. Buscamos contatos com líderes espirituais da Umbanda através de redes sociais, fizemos contato inicialmente através de redes sociais e posteriormente por aplicativo de smartphone, agendamos  e demos andamento a pesquisa.
Apresentaremos a Umbanda, uma religião de matriz africana, as informações obtidas são baseadas em visitas realizadas ao terreiro da Vó Benedita do Congo, relatos de filhos de Santo, Pai e Mãe de Santo e participação no evento Águas de São Paulo. O Terreiro da Vó Benedita do Congo está localizado na Vila Ipê, na cidade de Campinas- SP CEP: 13044-345 foi fundado no ano de 2003.
O objetivo desta pesquisa é investigar como é tratada a questão da sexualidade durante as práticas religiosas, e também se os orixás interferem na orientação sexual dos filhos de santo e como são tratados o casamento e a aceitação das relações homo afetivas, a celebração do casamento homo e heterossexual e como os praticantes da religião se preparam para as práticas religiosas. 

1. Umbanda

1.1 – Dados Introdutórios da Organização

Nome da organização: Terreiro de Umbanda da Vó Benedita do Congo
Nome fantasia: Terreiro da Vó Benedita
CNPJ: 22.747.762/0001-99
Endereço: Rua Meciaçu, 145- Vila Ipê- Campinas SP CEP: 13044-355.
Telefone: +55 19 3305-4658
Corpo mediúnico: 143
Site: http://www.terreirodavobenedita.com.br
Líderes Religiosos: Pai Joãozinho Galerani / Mãe Sueli de Iansã

Pesquisadoras: Karina Ferreira de Alkmim; Priscila Fernanda do Valle e  Renata Rocha Santos Monteiro

Parecer
Religião considerada brasileira que cultua entidades com características regionais. A Umbanda originou-se de cultos de matrizes africanas, vindo do povo negro que praticavam sua fé e culto aos orixás atrelados ao sincretismo para manter sua cultura e religiosidade vivas. Tornando além de uma manifestação de fé, mas de perseverança e resistência. Os seus cultos aconteciam nas senzalas e matas, realizados e linguagem ioruba, que impossibilitavam seus donos de compreendem seus louvores e clemencia aos orixás que eram simbolizados por santos da igreja católica.
Anunciada em 1908, a Umbanda é uma religião construída com elementos sistematizados de outras religiões cristãs, espiritas e do candomblé. Seu marco inicial ocorreu no sudeste Brasileiro, no Rio de Janeiro, quando Zélio Fernando de Morais, um jovem preste a ingressar na Marinha, passa apresentar comportamentos que diferenciavam momentaneamente, o que foi de estranhamento de sua família, que nomeou esses comportamentos leigamente de ataques.
Após analise e acompanhamento médicos, nada foi diagnosticado, e o profissional da saúde orientou os familiares a leva-lo e procurar auxilio religioso com Padres, porém seu pai, adepto do espiritismo o levou na Federação Espirita de Niterói, onde incorporou e levantou da mesa para apanhar uma flor, atitude que contrariou as regras da instituição espirita, consequentemente, Zélio incorporou espíritos de índios e negros, que foram orientados pelo diretor dos trabalhos na federação que não poderiam se manifestar, sendo orientados como espíritos não evoluídos, repreendendo as manifestações destes espíritos. O espírito então em Zélio, se pronunciou, indagando a rejeição daqueles espíritos pela instituição, apontando a rejeição da Federação, por se apresentarem com suas origens em negros e índios, suas origens sociais e cor. Declarando que no próximo dia, na casa de Zélio iniciaria o culto aos espíritos de negros e índios, que assim poderiam passar suas mensagens, anunciando-se como Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Na data anunciada pelo Caboclo, membros da Federação Espirita estavam presentes para constatar a veracidade e a procedência do anuncio feito na noite anterior acompanhado por uma multidão que buscavam auxilio.
Fundada com normas e condutas baseadas na prática da caridade, neste dia iniciou os cultos de Umbanda. Independente de suas vertentes a Umbanda é formada pelo sincretismo católico aos orixás, como seus fundamentos e conceitos. Assim, oficialmente nasce a Umbanda, uma religião de matriz africana, que assim como o candomblé, cultua os orixás, porem, também entidades como caboclos pretos velhos baianos e outras entidades de características regionais Brasileiras.
Como proposta inicial o objetivo da Pesquisa Cientifica deste projeto propende compreender o processo que a instituição escolhida aborda a sexualidade. Dentre as visitas podemos compreender que como Rudof Otton trás, o sagrado é uma categoria composta que apresenta componentes racionais e irracionais, não havendo possibilidade de evoluir racionalmente, através de percepções sensoriais deixando o indivíduo como uma tabula rasa, no que diz respeito ao próprio espírito. Assim, através da compreensão do sagrado o indivíduo passa a agir e articular com os membros que compartilham a mesma religião. Para C.G.Jung devemos compreender o que é Religião antes de abordamos e analisar o tema. Trazendo como compreensão o que Rudolf Otton chama de “numinosum”, para Jung a consciência de observação, ou seja, a independência de vontade. Segundo Jung, as religiões utilizam de processos e rituais para liberação dessa consciência, como cânticos, sons, meditações. Conforme acompanhamos, a organização em pesquisa utiliza de meditações como orações, cânticos e sons rítmicos fluídos dos atabaques.
Dentre a vertente de sexualidade, o Terreiro Vó Benedita aborda de forma ampla a sexualidade, notoriamente o que nos aproximou a organização objetivamente trata-se do projeto de casamento coletivo que atende casais carentes, indefere de gênero. O que C. G Jung aborda ao apresentar o corpo como símbolo desprendido, relacionado com as províncias da alma. O mesmo articula que sentido a libido oposto a Freud, defendendo o conceito que a libido é uma expressão não exclusivamente assexuada, mas a “energia vital”, sendo apenas sexual em alguns sentidos.

1.2 – Visitas

  Para iniciar a pesquisa uma das integrantes deste grupo através do coletivo chamado Manifesto Crespo, obteve informações sobre um casamento coletivo que é realizado pelo Pai Joãozinho Galerani. A mesma enviou uma mensagem In Box para o Pai de santo que respondeu informando o seu contato pessoal, a estagiária informou que estava iniciando uma pesquisa sobre sexualidade na umbanda e que gostaria da sua contribuição para a pesquisa, o mesmo aceitou prontamente e convidou as estagiárias para participarem de um evento que seria realizado em 08/10/2016, o evento Águas de São Paulo, e neste dia as estagiárias conheceram o líder religioso do terreiro de Umbanda da Vó Benedita do Congo, e outros líderes espirituais influentes na disseminação das religiões de matrizes africanas, este evento teve como objetivo principal a valorização e conscientização das religiões de matrizes africanas, neste evento também foram tratados o tema intolerância religiosa.
Durante o evento houve apresentações de grupos de Afoxé, cantores de músicas especificas da religião, líderes religiosos, falaram sobre a importância da religião e sobre a intolerância religiosa e racial enfatizando a importância do evento para todos os praticantes. Durante o evento foi realizado o ritual de lavagem da imagem da Mãe Preta com passeata do Vale do Anhangabaú até o largo do Paissandu onde está localizada a imagem.
Após a participação deste evento as estagiárias foram convidadas pelo Pai Joãozinho Galerani a visitar o terreiro de Umbanda da Vó Benedita do Congo, localizado na cidade de Campinas SP.
Em 29/10/2016 as estagiárias foram para Campinas visitar o terreiro, localizado na Rua Meciaçu- 145- Vila Ipê-Campinas SP. Ao chegar foram recebidas pelo Pai Joãozinho que apresentou o terreiro. É um local simples, e pequeno na avaliação do líder religioso que expôs que já teve oportunidade para mudar a localização do terreiro devido ao aumento de frequentadores, porém ele optou por manter o endereço, pois considera importante a aproximação física das pessoas para que haja troca de energia, o terreiro se apresenta com duas portas de aço, o ambiente interno possui algumas cadeiras para os visitantes, pela disposição das cadeiras, formam duas fileiras formando um espaço no corredor central para a entrada dos visitantes que vão tomar passe e fazer consultas. Do lado direito forma um corredor estreito que leva ao banheiro que também é utilizado como vestiário para troca de roupa dos filhos de santo, que não chegam com suas vestimentas para a gira. Neste mesmo corredor alguns visitantes ficam em pé, na parede possui uma prateleira com pequenos vasos que guardam “a energia” dos participantes do terreiro, há uma geladeira utilizada para guardar as bebidas e os alimentos que são oferecidos às entidades. Na parede do lado esquerdo há uma televisão, onde passam todos os comunicados referentes à agenda do terreiro, propagandas de comércios dos participantes, uma caixa de som que transmite música ambiente antes de começar a gira, há dois certificados fixados na parede, algumas guias e dois pequenos aquários. Na parede da frente possui quadros de eventos de umbanda, quadro de um preto velho algumas imagens de santos, uma prateleira com louças utilizadas para oferecer comidas bebidas para os orixás durante os trabalhos e uma pia para higienização das louças, no teto possui um ventilador.
Após a apresentação do ambiente o líder religioso iniciou-se uma conversa informal o Pai de Santo relatou sobre os casamentos homo afetivos, como foram realizados, pois foi o primeiro a celebrar o casamento coletivo e homo afetivos, relatou que não foi uma ideia somente dele houve a colaboração da Alessandra Ribeiro da Comunidade Jongo Dito Ribeiro – Casa de Cultura Fazenda Roseira, falou também que um dos casamentos que celebrou, um dos noivos era católico e o outro umbandista e foi uma linda cerimônia com a junção das duas crenças.
As estagiárias indagaram se os orixás interferem na orientação sexual de seus “cavalos” e se há algum tipo de iniciação sexual na religião e como a sexualidade é tratada no terreiro. O Pai respondeu que não há interferência dos orixás na opção sexual nem nas características físicas dos filhos de santo fora do terreiro sendo assim, homens podem e incorporam pomba giras e mulheres podem incorporar preto velho, por exemplo, que não há nenhum tipo de iniciação sexual ou ritual que seja vinculado a sexo nas práticas da umbanda. Relatou que no terreiro onde ele é líder não há nenhum tipo de preconceito em relação às questões homo afetivas. Inclusive nos apresentou para alguns de seus filhos de santo que nos relataram suas experiências pessoais sobre os temas questionados.
O líder religioso nos apresentou para um de seus filhos de santo, com o qual iniciamos nossa entrevista. O entrevistado foi um rapaz de 21 anos que expôs sua orientação sexual ao pouco tempo para sua família e amigos. Pedimos a autorização para a gravação da entrevista, e foi explicado qual o tema seria abordado e que a gravação seria somente usada para fins acadêmicos, o mesmo concordou com a gravação. Após a apresentação da proposta o entrevistado começou a fazer o seu relato informando que é homossexual e que tinha dificuldade na aceitação da sua orientação sexual e que após iniciar na Umbanda se sentiu mais confortável para aceita-la e assumir perante aos familiares e amigos, sua mãe e sua cunhada que são umbandistas aceitaram com facilidade seu pai e irmão estão em processo de aceitação.
Após esta entrevista o Pai Joãozinho nos apresentou dois Pais Pequenos da casa que o Pai celebrou o casamento quando ainda eram filhos de santo. Solicitamos a autorização de gravação após explicar o motivo da entrevista, ambos concederam. Iniciaram sua fala relatando que já participaram de outros terreiros onde não havia impedimento da participação nas giras, mas havia um preconceito velado e não era possível a realização do matrimonio entre dois homens, diferente do que encontraram no terreiro que frequentam atualmente, onde foi realizado o casamento utilizando todos os rituais e símbolos presentes na religião, este casamento tem validade dentro da umbanda, mas não tem validade legal. No dia da cerimônia os noivos não incorporam nenhum orixá, o líder religioso faz a benção desincorporado e após essa parte da celebração é passado para as entidades da casa para darem a benção final. Ambos foram questionados sobre quais entidades incorporam, um deles incorporam Preto Velho, sete Ciganos, Baiano, Pomba Gira, Exu e Erê. O outro Oxóssi, Iansã, Ogum, Iemanjá, Baiano, Preto Velho e Preta Velha, mesmo sem questionamento o entrevistado já pontuou que independentemente da orientação sexual o filho de santo pode receber entidades femininas e masculinas, que não interfere em nada na sexualidade e nem na vida fora do terreiro.
Fomos apresentadas a terceira entrevistada, uma jovem de 18 anos, participante de movimentos sociais na cidade de Campinas, atua na casa de cultura fazenda Roseira, desenvolve atividade com jovens do movimento LGBT, e outros movimentos sociais na cidade. Solicitamos a autorização de gravação após explicar o motivo da entrevista, a mesma concedeu. A entrevistada foi questionada se há orientação sexual e como são tratadas as questões de sexualidade para os jovens dessa religião. Relatou que não há nenhuma regra formal em relação à sexualidade ou orientação sexual que o importante é fazer caridade, o principal objetivo de um terreiro de Umbanda é acolher as pessoas independentemente de cor, orientação sexual e classe social, não há necessidade de nenhum padrão para ser praticante da umbanda. A religião não impõe nenhuma norma, sendo sempre uma questão de respeito, com o praticante da religião e o próximo.  As estagiárias questionaram a respeito da iniciação sexual para os jovens da religião, se há necessidade de castidade como em outras religiões, a entrevistada relatou que não há necessidade, deste que este jovem tenha consciência de seus atos, pois perante a sociedade ele não é somente um indivíduo, é membro de uma comunidade e todas as suas ações representam a mesma, por isso estes jovens preservam suas imagens. A mesma relatou que há necessidade de um resguardo do corpo antes de ir ao terreiro para participar de alguma atividade por uma questão de equilíbrio de energia não pratica relações sexuais ou bebe em excesso, evita o consumo de carne vermelha. Ao ser indagada se há alguma questão sexual durante algum ritual, a entrevistada relatou que desconhece qualquer prática sexual durante algum ritual de Umbanda.

1.3 – Análise

       De acordo com o que acompanhamos de orientações teóricas entre o Sagrado de Otto, e as abordagens e levantamento sobre a sexualidade de C. G Jung ao decorrer das pesquisas realizadas em campo, a compreensão do respeito multo ao próximo, tornando o grande primórdio a felicidade do indivíduo em sua totalidade, abstruindo qualquer resquício de preconceito quanto à orientação sexual, cor ou raça. Salientando que a organização acompanhada orienta seus membros sobre a importância de cuidados, prevenção e saúde em seu total. Conforme constatamos em visitas e conversas com membros do Terreiro Vó Benedita, a Umbanda prega que todos são iguais, e acolhe todos que buscam auxilio, sem conotações e discriminações de identidade de gênero e escolha sexual. Como descrito por C. G. Jung, sobre os arquétipos a Umbanda visa potencializar as habilidades espirituais, desenvolvendo em processos religiosos as características habilidosas dentre o âmbito de fé, sendo cada membro guiado por suas entidades espirituais que, conforme orientado pelo líder religioso, não interfere em suas escolhas pessoais, ou mesmo sexuais. Esses mentores orientam os membros em suas missões, retornando a descrição de arquétipos feita por C. G. Jung.
1.4 Conclusão

     Esse estágio nos proporcionou um rico conhecimento empírico sobre a Umbanda, nos trazendo uma nova dimensão de entendimento e saber. Observamos que os adeptos da Umbanda possuem valores sólidos, valorizam sua cultura, são estudiosos de sua base religiosa. Com apoio dos membros do terreiro, abordamos o tema, a sexualidade, de uma forma leve e agradável que enriqueceu todos os envolvidos, com trocas de relatos e experiências baseadas em respeito amor e fé.
1.5 – Agradecimentos
“Não posso provar a você que Deus existe, mas meu trabalho provou empiricamente que o “padrão de Deus” existe em cada homem, e que esse padrão (pattern) é a maior energia transformadora de que a vida é capaz de dispor ao indivíduo. Encontre esse padrão em você mesmo e a vida será transformada.”.
C. G. Jung

“Nossos sinceros agradecimentos a todos os membros do Terreiro da Vó Benedita do Congo. Agradecemos aos membros que se deporão a compartilhar suas histórias de vida, suas histórias dentro da religião e de fé. Aos lideres religiosos da organização. Ao Pai Joaozinho Galerani, com respeito e cumplicidade compartilhou seus conhecimentos e nos recebeu para evolução e desenvolvimento do projeto.”

Referências Bibliográficas
Otto Rudolf. O Sagrado, os aspectos irracionais na noção do divino e sua relação com o racional. Editoras Vozes, 2007.
Carl Gustav. Psicologia e Religião. Editora Vozes, 1984

https://youtu.be/9pz-ol93EZw

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Laroye!

"....Exu realmente não faz sentido
Ele trás sentido.."

Laroye!

T.U. Tia Lula, Nego Congo e Vó Benedita


RELEMBRANDO A HISTÓRIA...

No Quilombo Brotas o terreiro de Umbanda foi criado por Maria Emília Barbosa Gomes, filha de Amélia, por volta de 1950. Maria Emília nos contou que desde crianças tinha visões e ouvia batuques que ninguém via ou ouvia. Com catorze anos foi trabalhar em São Paulo como empregada doméstica. Ali ela começou sua iniciação no Candomblé, porém como o processo todo era muito oneroso ela resolveu mudar para a Umbanda. Comparado com o Candomblé o processo de iniciação da Umbanda é muito mais simples e menos oneroso (Pradi1996:67)36. Por volta de 1950, ela volta a morar no Quilombo Brotas onde começa a realizar alguns trabalho para parentes e conhecidos. Montando sua Tenda , Com a morte de sua mãe ela torna-se a grande matriarca do Quilombo Brotas e qualquer decisão a respeito do território passa pela sua aprovação. Conhecida por todos na Cidade de Itatiba como Tia Lula. Sua identidade se fundiu ao território, Alguns têm um misto de medo e respeito enquanto outros transferem todo peso do preconceito racial em relação ao negro para a sua cultura.O curioso no caso do Quilombo Brotas é que sua territorialidade foi construída tendo como elemento intermediário à religião (a Umbanda) que possibilitou a elaboração de uma identificação do grupo com seu território totalmente inusitada. 
TRECHOS RETIRADOS DO LEVANTAMENTO ITESP, INSTITUTO DE TERRAS DE SÃO PAULO.






























Disciplina e Hierarquia num Terreiro

Disciplina e Hierarquia num Terreiro

«Uma pessoa muito culta me disse um dia: "gostei muito da Umbanda. Lá todos são deuses, ou seja, todos têm condição de fazer o milagre."

A hierarquia na umbanda é respeitadíssima por todos os participantes. O pai (Babalorixá), ou o dirigente espiritual, dita as regras e a filosofia da casa, os pais e mães-pequenos são seus auxiliares diretos, as Ekédis cuidam da gira e dos médiuns e os ogans cuidam da disciplina e do conjunto de instrumentos usados no terreiro.

Sobre a obediência à hierarquia o Caboclo das Sete Encruzilhadas disse: "Quem não sabe obedecer, jamais poderá mandar"

Este conjunto de respeito forma a união e a integridade mágica da casa espiritualista de Umbanda. Sem disciplina rígida e séria uma Casa de Umbanda não prossegue seu trabalho sob os auspícios da Espiritualidade Superior. O que parece, às vezes, exagero do Pai ou Pais e Mães pequenos no sentido da manutenção da disciplina, do respeito ao terreiro e aos Guias, do respeito à hierarquia constituída, da não permissão de fofocas ou conversas fúteis, constitui-se, na verdade, no grande para-raio ou entrave à entrada de espíritos obsessores, zombeteiros, mistificadores que, em nome de uma suposta caridade sentimentalóide e adocicada, atuam criando confusões, brigas, desentendimentos, desânimos e a queda da Casa. Todo cuidado é pouco. Não importa que agrade ou desagrade. Quem tem o espírito de amor e busca um Templo sério e a verdadeira espiritualidade, que conduz à evolução, compreende, adere. Caso contrário, é melhor que fique de fora da corrente, pois o orgulho, a vaidade e a ignorância são instrumentos nas mãos dos inimigos invisíveis para criarem problemas e levarem á extinção do grupo.

"O oposto de humildade é soberba e arrogância. Pessoas arrogantes não conseguem conviver bem. O arrogante, ou é enfrentado ou evitado, mas dificilmente aceite ou suportado."

Diz André Luiz, pelo médium Chico Xavier que : "Caridade sem disciplina é perda de tempo".

A corrente é a grande força do Templo Umbandista. Na verdade, a corrente merece mais cuidados que as paredes e toda a estrutura física do Templo. Tudo gira em torno dela. Se um elo dessa corrente estiver fraco, pode desestruturar todo o trabalho e dar acesso às energias negativas que, muitas vezes, conseguem prejudicar a vida de muitas pessoas ligadas a essa casa espiritual. Devemos sempre lembrar: "Ninguém é tão forte como todos nós juntos".

Para manter a Corrente sempre iluminada a disciplina tem que ser rigorosa, e o seu princípio está no respeito à hierarquia. O membro da Corrente que não se sinta inserido nesse campo de atividade de acordo com as normas da Casa deve se afastar, pois será melhor para ele, e evitar-se-ão problemas futuros, bem como a possibilidade de entrada de quiumbas por tele-mentalização nesses médiuns desavisados.

O médium de uma casa que não tenha humildade para aceitar e cumprir as normas e regras da casa onde se encontra seja ela qual for, nunca vai estar inserido na própria egrégora espiritual desse local.
Muitas das vezes quando isso acontece, o próprio médium pode começar a ter retorno negativo na sua própria vida pessoal a todos os niveis, desde a sua saude, a sua vida amorosa, o seu trabalho, etc. Não porque lhe lançaram qualquer tipo de magia negativa, pois é apenas o retorno da ação kármica pelas suas atitudes, pelo seu comportamento, pelos seus pensamentos e desejos, perante o local consagrado onde pisa, com as próprias entidades e forças espirituais desse espaço, e com os dirigentes e seus irmãos espirituais. E quando assim é, o melhor para o médium é afastar-se e procurar uma outra casa que esteja mais em sintonia com o seu tipo de mentalidade e relacionamento com os irmãos e hierarquia da casa.

E não esquecer nunca o seguinte:

Quem entra numa casa deve-se tentar adaptar ás suas normas e fundamentos já existentes e nunca esperar que seja a casa a adaptar-se a quem entra.»

(autor desconhecido)

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Alguns textos, poemas e fotos foram retirados de variados
sites, caso alguem reconheça algo como sua criação e não
tenha sido dado os devidos créditos entre em contato.
''A intenção deste blog não é de plágio, mas sim de espalhar conhecimento..."
Joaozinho

paijoaozinho@terreirodavobenedita.com