Quando o carro dobrou a rua, me surpreendi com a delicadeza da decoração que, simples, combinava perfeitamente com os convidados de honra do dia. Nem precisei pisar no terreiro pra sentir a perna bambear, a mão gelar, a pupila dilatar, como quem quer absorver tudo o que virá. A cada ocasião com que me sinto presenteada descubro novas sensações, novas proporções do meu coração e do meu ser que desconhecia. O público acanhado, os poucos médiuns que já vestiam o branco foram sendo multiplicados em uma velocidade tão absurda ao se aproximar do horário do festejo que tive a impressão de ter desligado por alguns minutos... A fila dos médiuns com as guias nas mãos, a procissão do bate cabeça, o círculo que – benditamente – mal cabia no terreiro!!! Mas eu não tinha ainda ideia da dimensão do cortejo até que puxou-se o primeiro ponto para Ogum. Não consegui cantar. Eu ouvia dezenas de vozes cantando com tanta alegria, com tanto amor que minha voz embargou. Olhei em volta e vi olhos fechados, sorrisos, passos, preces em forma de canção... A cada ponto meu coração parecia querer sair da garganta. Mas então cantamos ao querido senhor Tranca Ruas... E pude sentir perfeitamente sua entrada no recinto... Minha pele arrepiava descontroladamente e eu sabia que o trabalho seria lindo, protegido por nossos amados guardiões. E quando a amada Vó Benedita iniciou os trabalhos, vi a imensa procissão das almas mais doces e sábias que se achegavam para a homenagem tão merecida a estes seres de luz que nos acompanham com humildade e maestria tamanha que chegam a ser contraditórios. Aqueles seres capazes de acariciar e dar a bronca merecida com o sorriso nos olhos de quem compreende. Eu ouvia e sentia a tudo que acontecia, e quando meu anjo que atende por Vó Mariana chegou, senti a alegria nela que nunca havia sentido. Lembrei-me de tudo que passei por esses caminhos de espiritualidade, e de como ela se esforçava em dizer que tudo ficaria bem. Tive a certeza de que tudo estava exatamente onde deveria estar. Eu estava onde deveria estar. Ela também. Quando ela começou a se despedir, vi pelo seu olhar que ela procurava o Pai Joãozinho... sem encontrá-lo em volta, me pediu que o agradecesse. Assim que a gira se encerrou, busquei cumprir o desejo dela, mas não consegui. Quando abria a boca para repetir as palavras dela, meu coração doía e as palavras dela transbordavam nos meus olhos. A voz embargou e não consegui atender ao pedido dela. Disse apenas um singelo “Obrigada”, mas não creio que ele tenha entendido tudo o que aquela palavra significava. Ainda agora que tento escrever seu agradecimento, as lágrimas teimam em rolar. Mas a voz escrita não necessita de embargo e muito menos de se calar. Então, meu querido pai, transmito o agradecimento mais singelo e sincero que já ouvi: “Diga a ele que agradeço. Agradeço por terem aberto mão de horas que poderiam ser de cada um para fazer algo para todos. Agradeço pelo carinho que ele tem por todos os guias sem distinção. Agradeço por ele aceitar fazer parte da nossa jornada. E por fim, agradeço a todos que nos alimentaram nesse dia. Que nunca falte alimento na mesa daqueles que nos serviram, que ajudaram, que participaram, enfim, que elevaram seus pensamentos e suas preces a nós nesse dia. Que nunca ninguém precise sentir a dor da fome que nos foi tão companheira no passado. Hoje nos deram os primeiros pratos, quando nunca tivemos sequer o último. Mas sabe, não precisava de nada disso. Hoje apesar da mesa farta, não nos alimentamos da matéria; nos alimentamos do carinho, da dedicação, do amor. Atitudes que só faz aumentar a nossa fé, esperança e vontade de trabalhar pela humanidade. Agradeço. Agradeço hoje e agradecerei amanhã. E agradecerei sempre. Nunca nos esquecemos das mãos que se estendem aos que mais necessitam”. E eu agradeço pai. Agradeço pela luz que o Terreiro da Vó Benedita significa na nossa jornada. Agradeço por tudo que tenho vivido e evoluído nos últimos meses. Você reforçou minha fé, minha esperança, minha força para a caminhada! A cada dia aprendo, aprecio, evoluo. E nunca terei agradecido o suficiente pela oportunidade tão doce de aprendizado...
PADRINHO JOÃOZINHO DIRETOR EXECUTIVO da ARMAC Membro do FOESP - Fórum das Comunidades de Terreiro e de Tradições de Matriz Afro-Brasileira de SP Vice-presidente da FEUCEM Membro do Conselho de Desenv. Participação da Comunidade Negra de Campinas Dirigente Espiritual do Terreiro da Vó Benedita Membro do Comitê Técnico de Saúde da População Negra de Campinas Membro do Coletivo de Combate ao Racismo da CUT Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão no Brasil da OAB
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Segundas - 20 Hs - Mãe Claudete e Pai Joãozinho.
Quartas - 20 Hs - Mãe Marta e Pai Ney.
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segunda-feira, 19 de maio de 2014
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