O médium Robson Pinheiro, através do autor espiritual Ângelo
Inácio, publicaram à partir de 2006 uma trilogia de livros chamada “O reino dassombras” . A trilogia é composta dos livros “Legião”, “Senhores
da Escuridão” e “A marca da besta”.
Apesar dos nomes aparentemente “pesados”, a leitura é leve e, à partir
de uma história narrada (onde os personagens saem em “missão” pelas instâncias
umbralinas), são apresentados conceitos, doutrinas e conhecimentos a serem
explorados pelos estudiosos do espiritualismo.
No primeiro volume da série, “Legião”, é desvendada a
estrutura organizacional das trevas, com suas diversas falanges (desde
zombeteiros até magos negros e cientistas), explicando em detalhes a atuação de
cada casta: desde a obsessão simples até técnicas modernas de obsessão complexa. Em paralelo, são apresentados também as
diversas falanges de guardiões responsáveis pelo enfrentamento destes seres,
nas suas diversas especialidades.
Em um trecho do livro, a equipe espiritual (composta por Pai
João de Aruanda, Ângelo Inácio e o médium Raul desdobrado) visita um cemitério
onde existe uma legião de espíritos vampiros que tentam a invasão do campo
santo na tentativa de roubar a energia sobrevivete dos corpos etéricos em
dissolução. A equipe é então apresentada
à falange dos Caveiras, casta de guardiões responsáveis pela proteção do
cemitério contra os ataques destes espíritos vampiros e do tratamento e encaminhamento
das almas recém saídas do corpo físico.
Ao chegar ao cemitério, a equipe é recebida pelos guardiões da falange
dos Caveiras, comandada por Tata Caveira.
É travada uma conversa entre os guardiões e a equipe, de forma a
elucidar sua atuação e incumbências.
Transcrevo para vocês trechos dessa conversa, que trazem
importantes fundamentos para o estudo da umbanda e dessa belíssima falange de
guardiões, os Exu Caveira.
“(...) Ao contrário do
que muitos médiuns ignorantes da realidade espiritual dizem, esta legião de
espíritos trabalha para o bem, auxiliando nos cemitérios aqueles seres que
desencarnaram e que, por algum motivo, permanecem ligados ainda aos despojos em
deterioração nas sepulturas.
Especializou-se na tarefa de limpeza energética dos cemitérios, evitando
que magos negros e feiticeiros ainda encarnados, mas desdorados, tenham êxito
quando vêm em busca do fluido vital restante contido nos duplos (etéricos) das pessoas recém-desencarnadas.
- Por que esse nome
tão bizarro, caveiras?
- Muitos guardiões
utilizam-se de nomes cabalísticos , pois convivem diariamente com uma espécie
de ser desencarnado, habitante das regiões inferiores, que os respeita
exatamente por trazerem algo diferente, um nome ou um símbolo que evoca em sua
memória espiritual algo que eles mesmos não sabem explicar. Como trabalham em cemitérios, o símbolo mais
óbvio a ser escolhido foi o da caveira. Sua tarefa, de singular importância,
consiste no processo de limpeza energética, ao mesmo tempo em que realizam a
transição, para as esferas mais altas, daqueles espíritos que já acordaram para
algo maior.
(...)
(fala de Pai João de Aruanda) - O cruzeiro, meus filhos, presente em qualquer e todo cemitério, é o
ponto de convergência de vibrações mais sutis, que atendem às necessidades dos
guardiões em suas tarefas. As pessoas
que visitam os cemitérios em geral se dirigem ao cruzeiro, onde realizam suas
orações para os pretensos mortos. Com o
tempo, essas mesmas vibrações, de devoção, saudade e amor, criam essa aura que
se irradia daqui. Também é nesse espaço
que os chamados exu caveira,
guardiões dedicados a estes distritos, reúnem-se para determinar suas ações, de
cujo benefício muitas dessas almas desesperadas não podem prescindir. Se não fosse a determinação desses comandos
especializados, que trabalham no resgate e na condução das almas
desequilibradas, há muito os magos negros já teriam dominado completamente os
cemitérios do planeta, transformando-os em laboratórios de extração de
ectoplasma.
(...)
(fala de um guardião caveira) - Há mais ou menos 40 anos recebemos a incumbência de trabalhar mais
intensamente nos cemitérios. O tata, nosso orientador e líder, recebeu certos
recursos das dimensões superiores e nos equipou de tal maneira que hoje
formamos grupos em todo o planeta, preparados para o enfrentamento desses
ataques. Segundo o tata nos transmitiu,
a ordem do Alto era para que impedíssemos a ação dos vampiros de energia e
formássemos uma linha de defesa nos ambientes dos cemitérios. Muitos magos negros e feiticeiros se apoderam
de espíritos ainda prisioneiros dos despojos e os transformam em marionetes,
cobaias para suas experiências. Nesse
particular, os guardiões interferem profundamente nos planos dos magos das
trevas, interrompendo o fluxo criado diretamente entre os cemitérios e os seus
laboratórios. O roubo de energias vitais
está cada vez menos intenso. A ordem do
Alto é erradicar completamente dos ambientes inferiores qualquer vestígio da
ação das trevas.
- Então o trabalho de
vocês não para nunca...
- Infelizmente temos
de lidar com a ignorância de inúmeros espiritualistas. Por exemplo, quando um de nossos guardiões é
percebido em reuniões mediúnicas, conduzindo espíritos para serem resgatados,
somos mal interpretados pelos médiuns que não estudam nem suspeitam de nosso
trabalho. A simples visão de uma caveira
evoca na mente dos sensitivos imagens negativas, associações relacionadas à
morte, como se fosse um tema macabro. É
incrível o pavor que sentem pela morte muitos daqueles que lidam com os
espíritos e postulam a reencarnação! Não é uma incoerência? Fato é que, ao
sermos vistos, informam aos dirigentes que um exu com aspecto de caveira está
presente, carregando prisioneiro outro espírito. Pronto: assumem uma atitude
paternalista e, como a visão depende de quem olha, enxergam um bandido
subjugando a suposta vítima.
Neste ponto da
conversa, Pai João interrompeu o guardião e continuou em seu lugar:
- O dirigente,
despreparado, não conhecendo o simbolismo utilizado no astral, conclui que exu
caveira é a representação do mal.
Através de uma indução quase hipnótica e uma associação infeliz de
idéias, alguns médiuns, a partir de então, deixam sua parte anímica falar mais
alto e relatam coisas inacreditáveis a respeito dos guardiões. O espírito que
deveria ser resgatado é liberado, como se fosse um sofredor, e o guardião ou exu
é doutrinado, conforme dita o
figurino adotado em larga escala nos centros espíritas. Terminada a reunião, o verdadeiro obsessor
foi libertado, como se fosse um espírito necessitado, livre para voltar às suas
atividades, e o guardião, que é parceiro das atividades do bem, é confundido
com espíritos maus.
- Isso mesmo – falou o
guardião. – Por este motivo, procuramos regularmente os centros umbandistas
para nos auxiliar nas tarefas, pois neles nossos trabalhadores da polícia
astral manifestam-se e são conhecidos como exus caveira. Evidentemente, também enfrentamos problemas
sérios nos centros de umbanda, só que de natureza distinta. Com o tempo, porém,
temos certeza de que cada vez mais umbandistas e espíritas se esclarecerão, de
modo que possamos realizar um trabalho em parceria, com eficácia ainda maior.
- Se os umbandistas
sabem sobre vocês e o papel que desempenham, por qual razão há problemas em sua
participação?
- O conhecimento
somente aos poucos vai conquistando as mentes e os corações dos verdadeiros
umbandistas, assim como ocorre com todas as pessoas. Muitos médiuns e
dirigentes estão cativos de idéias preconcebidas ou transmitidas por pessoas
absolutamente despreparadas. Conhecem certos símbolos, sagrados para eles, e
sabem de nossos nomes, é verdade. Entretanto, quando procuramos alguns médiuns
para realizar um trabalho de parceria, teatralizam tanto a nossa manifestação
através deles que perdem de vista o objetivo da tarefa. Existem casos extremos
em que nos vemos compelidos a nos afastar, deixando o médium sozinho, entregue
à encenação de um verdadeiro teatro. Encurva-se todo, fala palavras
incompreensíveis, até mesmo palavrões, como se nos comportássemos de modo tão
grotesco. Querem apenas uma plateia para
aplaudir sua performance notável.
-Graças ao
investimento do Alto, vem surgindo uma geração de umbandistas cada vez mais
conscientes, que têm procurado estudar, conhecer mais e trabalhar melhor sua
mediunidade, de maneira mais afeita aos ideais superiores, o que também os
torna mais aptos a promover resgates, defesas e limpezas no astral, atividades
com as quais muitos guardiões de diversas falanges, estão seriamente
comprometidos.
(...)
“Em seguida o local
ficou repleto de guardiões. Notei também que algumas mulheres, semelhantes à
polícia feminina, acorriam ao local (...). Eram espíritos de mulheres dotados
de intenso magnetismo e que transmitiam segurança, dando a impressão de
conhecer perfeitamente a tarefa que as aguardava. Estranhei pois até aquele
momento só observara a presença de espíritos com aparência masculina naquela
equipe de guardiões do campo-santo.
- Constituem a chamada
polícia feminina do astral. Na umbanda, são conhecidas como pombajiras ou bombonjiras, como expressam melhor
alguns umbandistas.
- Mas as informações
que nos chegam acerca desses espíritos... – comecei a falar, logo sendo
interrompido pelo tata dos caveiras.
- Sei, Ângelo, são
desastrosas. As pessoas dizem, lá entre os encarnados, que as chamadas pombajiras
são espíritos de mulheres da vida, prostitutas ou coisa semelhante. Isso se
deve muito mais à ignorância dos médiuns e dirigentes, que desconhecem por
completo a verdadeira identidade e a importante tarefa que desempenham essas
guardiãs. Na verdade, formam uma falange de amazonas do plano astral e
trabalham em todo caso que envolve sentimentos e emoções mal orientadas e
desequilibradas, que é sua vocação. Como o presente caso exige um
acompanhamento ligado ao emocional, nada melhor do que espíritos especializados
nessas questões, que, além disso, são portadores da garra e da determinação que
distinguem as guardiãs comprometidas com o bem do próximo. Elas operam nas encruzilhadas vibratórias,
que não guardam relação com as chamadas esquinas das ruas terrenas. São exímias
conhecedoras dos problemas do coração, da sensibilidade, e exercem seu trabalho
com maestria quando se cruzam os problemas da razão, da perda do bom senso, com
aqueles gerados por emoções descontroladas...
- Tenho muito o que
aprender...
- Ao contrário do que
muitos médiuns expressam, em seu animismo confundido com mediunismo, esses
espíritos não se comportam do modo como são retratados pela incompreensão. Para nosso desapontamento, muitos sensitivos,
que desonram o verdadeiro trabalho dessas guardiãs, representam-nas, no momento
da incorporação, utilizando palavrões, atitudes grotescas e maldosas,
desprezando a oportunidade ímpar de concorrer para o equilíbrio dos sentimentos
e das emoções, técnica que elas dominam como ninguém no astral inferior. Em
suma, não podemos prescindir de sua atuação, pois nas esferas do umbral elas
desempenham atividade fundamental no resgate dos espíritos comprometidos com o
coração, a emoção e a sexualidade.
(...)
- É certo, Ângelo, que
existem espíritos na forma feminina que abusaram da sexualidade e, no lado de
cá, continuam com seus desequilíbrios, tanto quanto ocorre com espíritos na
forma masculina. Muitos médiuns se sintonizam com essas entidades, que várias
vezes pretendem se mostrar, através da incorporação ou da psicofonia, como
sendo bombonjiras. São farsantes, espíritos inferiores e desrespeitosos, que
produzem mistificações as mais diversas ao estabelecer sintonia com médiuns
obtusos, comprometendo assim a imagem e o trabalho sério das verdadeiras
guardiãs.”
Este trecho é excelente para despertar em nós a sede de
conhecimento e a vontade de se aprofundar no tema. Para isso, sugiro fortemente a leitura
completa do livro.
Um ótimo dia a todos!
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