Uma das grandes dificuldades no entendimento da Umbanda para
pessoas que ainda não conhecem a religião é entender o que é um Orixá. Vivemos numa sociedade com forte base
católica, nos é ensinado nas escolas o que é um Santo e o que é Deus. É como se tivéssemos sido ensinados a contar
em algarismos arábicos e, de repente, nos fosse solicitado fazer uma conta em
algarismos romanos.
Eu mesma, quando comecei na Umbanda, tive uma certa
dificuldade de entender a força e a beleza dessas energias vitais que ao lado
de Deus (Olorum) regem nosso orbe.
Algumas leituras me ajudaram nesse entendimento e decidi compartilhar
dois trechos de dois livros que me auxiliaram muito no caminho do conhecimento e
acredito que também podem auxiliar a outros irmãos, que estão ingressando na
Umbanda e ainda tem dificuldade de entender o que é um Orixá. Ambos os livros são de leitura fácil e
prazerosa e eu indico fortemente a leitura do livro completo.
O primeiro trecho é do livro chamado: “Natureza – onde reinam os orixás” (de Vovó Benta / Leni W. Saviscki).
Neste livro, um médium chamado Juliano juntamente com um grupo de jovens
em desdobramento astral durante o sono, é conduzido a visitar o reino de cada
orixá e seus servidores. Uma belíssima
estória que ilustra a área de atuação de cada uma das principais forças que
regem a umbanda. Logo no começo do
livro, este trecho me chamou muita atenção e ajudou a entender como os orixás
se conectam entre si e com a natureza:
“Para compreender como
as forças da natureza interagem – o que nos auxiliará a entender a manifestação
dos orixás -, basta que nos lembremos de como a natureza atua.
Exponho a seguir o que
chamo de ciclo das águas para ilustrar a manifestação dos sete orixás básicos
na natureza e incluo Nanã a fim de que possam compreender melhor porque a
menciono como “Senhora das Águas Originais”.
Nascendo numa mina, a água (NANÃ) rola pelas pedras (XANGÔ), em queda,
formando uma cachoeira (OXUM), que corre pela terra (OMULU), germinando-a para
o nascimento das árvores (OXÓSSI). Indo
desaguar no mar (IEMANJÁ), sob o aquecimento do Sol (OGUM), que provoca a
evaporação e precipitação na terra em forma de chuva (IANSÃ), a água reinicia o
seu processo.
O culto à essas forças
que agem e interagem de forma absolutamente harmônica chama-se Umbanda.
Caridade e amor ao Pai, criador de tudo; amor e respeito à natureza e a tudo o
que nela existe.” (Mãe Iassan A. Pery)
O segundo livro, “Contos D’Aruanda – e algumas mensagens de fé, paz e evolução” (André Cozta, ditado por Pai Thomé do Congo) traz vários
contos belíssimos que narram o encontro de entre os filhos e seus pais ou mães
de cabeça. Cada uma das histórias mostra
como essas pessoas (que poderiam ser quaisquer um de nós), ao atravessar uma
dificuldade, encontrou em seu pai ou mãe a força que precisava para seguir em
frente.
Em um dos contos, o menino Samuel adormece na praia e
encontra Mãe Janaína, enviada de Iemanjá.
É travada a seguinte conversa:
“Samuel pergunta:
- Por que eu estou
passando por isso tudo? Por que primeiro dona Kayala, agora a senhora? Por que
a Sagrada Mãe Iemanjá não apareceu para mim lá na ilha? Não seria mais simples?
- Meu filho amado, a
Sagrada Mãe Iemanjá é um Orixá. Sei que você não sabe direito o que é ser Orixá
e vou lhe explicar. Os Orixás, meu filho, são divindades regentes das
vibrações, dos pontos de forças da natureza, ou cuidam, cada um em sua
vibração, de uma parte da natureza. Você
já ouviu falar de Deus e já ouviu falar da Mãe Natureza, não é mesmo?
- Sim, sim, já ouvi
sim!
- Então, filho amado!
O universo é muito complexo. Os Orixás
estão assentados à volta do Nosso Divino Criador Olorum, cada um cuidando de
sua vibração, governando o que lhes cabe no Universo. Há aproximadamente duzentos Orixás, porém, na
Umbanda, cultuamos alguns deles apenas.
Você ainda vai ouvir falar sobre as Sete Linhas da Umbanda. Elas são, na verdade, os Sete Sentidos da Vida,
que são regidos por 14 Orixás, em sete pares:
1) O Sentido da Fé
(que se manifesta no chacra coronário, tem como elemento o cristal) é regido
pelo Sagrado Pai Oxalá e pela Sagrada Mãe Logunã-Tempo;
2) O Sentido do
Conhecimento (que se manifesta no chacra frontal, tem como elemento o vegetal)
é regido pelo Sagrado Pai Oxóssi e pela Sagrada Mãe Obá;
3) O Sentido da Lei
(que se manifesta no chacra laríngeo, tem como elemento o ar) é regido pelo
Sagrado Pai Ogum e pela Sagrada Mãe Iansã;
4) O Sentido do Amor
(que se manifesta no chacra cardíaco, tem como elemento o mineral) é regido
pelo Sagrado Pai Oxumaré e pela Sagrada Mãe Oxum;
5) O Sentido da
Justiça (que se manifesta no chacra umbilical, tem como elemento o fogo) é
regido pelo Sagrado Pai Xangô e pela Sagrada Mãe Oro Iná;
6) O Sentido da
Evolução (que se manifesta no plexo solar, tem como elemento a terra) é regido
pelo Sagrado Pai Obaluaê e pela Sagrada Mãe Nanã;
7) O Sentido da
Geração (que se manifesta no chacra básico, tem como elemento a água) é regido
pela Nossa Sagrada Mãe Iemanjá e pelo Sagrado Pai Omolu (apesar de o elemento
do Pai Omulu ser Terra, ele atua no Sentido da Geração como guardião da vida);
Mãe Janaína prossegue:
- Atuando pelo lado de
fora desses Sentidos da Vida, como amparadores temos:
a) O Sentido da
Vitalidade, regido pelo Orixá Exu;
b) O sentido dos
Desejos, regido pela Orixá Pombagira;
Ela respira fundo e
continua a falar:
- Mas você terá
bastante tempo e, na hora certa, compreenderá o significado disso tudo. O mais importante agora é você saber que
todas essas Divindades estão assentadas em Tronos à volta da morada de nosso
Pai Maior e Divino Criador Olorum (que o padre ensinou a chamar de Deus). Você
é um filho de pemba, veio à Terra nessa vida com missão predeterminada na Umbanda,
para trabalhar na vibração da nossa Sagrada Mãe Iemanjá, porque você foi criado
por Nosso Pai Maior na vibração aquática.
E, para concluir, respondendo ao seu questionamento: como Orixá que ela
é, com tantos filhos, tantas cabeças para cuidar, precisa de uma falange grande
trabalhando e auxiliando-a.”
Espero com esse texto despertar a curiosidade e ajudar aos
queridos irmão de fé a encontrarem o conhecimento e reforçarem sua fé.
Um grande abraço a todos e muito Axé!
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