O filme “Besouro” está há apenas três semans em cartaz e ainda nem iniciou sua carreira em festivais. Mas já anda recebendo homenagens, além de ter merecido ampla reportagem na edição deste domingo do programa “Esporte Espetacular”, da Rede Globo.
Nesta semana em que se comemora, no dia 20, o Dia da Consciência Negra, a atriz Jessica Barbosa será agraciada com o prêmio Ofó de Xangô, oferecido pela organização da Mostra Internacional do Cinema Negro, que ocorre dentro da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, cuja última edição encerrou-se dia 5 de novembro. A premiação será às 19h30 desta segunda-feira, dia 16, na Faculdade de Direito da USP.
Já no dia 20, “Besouro” terá exibições especiais em dois lugares distintos: uma na comunidade da Vila Heliópolis, em São Paulo, e outra na cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina, onde o ator Aílton Carmo, astro de ‘Besouro’ organizará um dia de atividades em torno da capoeira e da cultura afro, e que culminará com a exibição do filme que ele protagoniza.
Aílton, aliás, desde o lançamento de “Besouro” decidiu refugiar-se na Chapada, onde mora e faz as duas coisas que mais gosta: jogar capoeira e guiar turistas pelas belezas do Parque Nacional da região.
Filme
Deuses orixás que parecem Xerxes, o rei persa de “300″. Lutas em cima de árvores que lembram “O Tigre e o Dragão”.
E um senso de vingança puramente “Kill Bill”. São muitas as referências pop de “Besouro”, o filme nacional de maior orçamento a ser lançado neste ano, mas nada mais brasileiro do que seu enredo, com capoeira, candomblé e escravidão.
Divulgação
O ator Ailton Carmo interpreta Besouro, personagem que luta para defender os negros
“É um fenômeno de internet que nunca aconteceu com um filme brasileiro”, diz Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, que analisa números do cinema no país. “Tem chance de sucesso, sim, é um filme de ação com as técnicas mais apuradas do mundo. Mas, mercadologicamente, o problema é que se passa no [começo do] século passado e sem ator conhecido.”
De fato, os três protagonistas são estreantes. Ailton Carmo, 22, é professor de capoeira e guia turístico de Lençóis (BA). Ele faz o vaidoso Besouro Mangangá, um dos maiores capoeiristas da história, que fez sua fama no Recôncavo Baiano, nos anos 20. No filme, ele tem um melhor amigo, Quero-quero (o também capoeirista profissional Anderson Santos de Jesus), com quem vai disputar o amor de Dinorá (a estudante de teatro Jessica Barbosa).
“Tem gente que ainda vê a capoeira como coisa de malandro, como se bandidos estivessem ali”, diz Ailton, que tem 16 anos de capoeira e costuma ir à Bélgica para dar aula. “O filme vai ajudar não só a capoeira, mas outras coisas de nossa cultura também, como o candomblé.”
Outro estreante no time é o próprio diretor, o carioca radicado em São Paulo João Daniel Tikhomiroff, 59, premiado publicitário com mais de 40 Leões de Ouro no festival de publicidade de Cannes. Filho de um dos dirigentes do estúdio americano Universal no Brasil, ele fez curtas e foi montador quando adolescente, até que, aos 21 anos, foi parar na publicidade para levantar dinheiro para um longa, nunca acabado.
Agora, ele se cercou de profissionais conhecidos do cinema para fazer “Besouro”, escalando gente como a preparadora de elenco Fátima Toledo, o diretor de fotografia equatoriano Enrique Chediak e o chinês coordenador de cenas de ação Huen Chiu Ku.
“O Brasil não tem tradição de filmes de ação. Então eu fiquei pensando: “Como faz Tarantino nos seus filmes? Como foi feito “Matrix’?”. Aí descobrimos os chineses”, explica João Daniel, que ainda tem Gilberto Gil assinando a canção-tema do filme.
As filmagens foram feitas em quatro locações na Bahia, buscando a natureza exuberante da região, como a turística Lençóis ou Xique-Xique do Igatu, com 360 habitantes.
Orixás
“Besouro” foi inspirado no livro “Feijoada no Paraíso”, de 2004, do cartunista e publicitário carioca Marco Carvalho. A editora Record lançou uma nova edição, com fotografias do filme.
“Fiquei fascinado porque o livro é baseado em lendas do Besouro. As pessoas realmente acreditavam que ele voava”, diz o diretor. Besouro é um inseto que, por suas características, não deveria voar, mas voa, assim como o capoeirista.
A capoeira, luta criada por escravos trazidos ao Brasil, chegou a ser proibida por decreto até os anos 30, quando passou a ser permitida desde que acompanhada por policiais e em lugares fechados. A liberação total só veio nas décadas seguintes e, em 2008, virou patrimônio cultural brasileiro.
Nesta semana em que se comemora, no dia 20, o Dia da Consciência Negra, a atriz Jessica Barbosa será agraciada com o prêmio Ofó de Xangô, oferecido pela organização da Mostra Internacional do Cinema Negro, que ocorre dentro da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, cuja última edição encerrou-se dia 5 de novembro. A premiação será às 19h30 desta segunda-feira, dia 16, na Faculdade de Direito da USP.
Já no dia 20, “Besouro” terá exibições especiais em dois lugares distintos: uma na comunidade da Vila Heliópolis, em São Paulo, e outra na cidade de Lençóis, na Chapada Diamantina, onde o ator Aílton Carmo, astro de ‘Besouro’ organizará um dia de atividades em torno da capoeira e da cultura afro, e que culminará com a exibição do filme que ele protagoniza.
Aílton, aliás, desde o lançamento de “Besouro” decidiu refugiar-se na Chapada, onde mora e faz as duas coisas que mais gosta: jogar capoeira e guiar turistas pelas belezas do Parque Nacional da região.
Filme
Deuses orixás que parecem Xerxes, o rei persa de “300″. Lutas em cima de árvores que lembram “O Tigre e o Dragão”.
E um senso de vingança puramente “Kill Bill”. São muitas as referências pop de “Besouro”, o filme nacional de maior orçamento a ser lançado neste ano, mas nada mais brasileiro do que seu enredo, com capoeira, candomblé e escravidão.
Divulgação
O ator Ailton Carmo interpreta Besouro, personagem que luta para defender os negros
“É um fenômeno de internet que nunca aconteceu com um filme brasileiro”, diz Paulo Sérgio Almeida, diretor do Filme B, que analisa números do cinema no país. “Tem chance de sucesso, sim, é um filme de ação com as técnicas mais apuradas do mundo. Mas, mercadologicamente, o problema é que se passa no [começo do] século passado e sem ator conhecido.”
De fato, os três protagonistas são estreantes. Ailton Carmo, 22, é professor de capoeira e guia turístico de Lençóis (BA). Ele faz o vaidoso Besouro Mangangá, um dos maiores capoeiristas da história, que fez sua fama no Recôncavo Baiano, nos anos 20. No filme, ele tem um melhor amigo, Quero-quero (o também capoeirista profissional Anderson Santos de Jesus), com quem vai disputar o amor de Dinorá (a estudante de teatro Jessica Barbosa).
“Tem gente que ainda vê a capoeira como coisa de malandro, como se bandidos estivessem ali”, diz Ailton, que tem 16 anos de capoeira e costuma ir à Bélgica para dar aula. “O filme vai ajudar não só a capoeira, mas outras coisas de nossa cultura também, como o candomblé.”
Outro estreante no time é o próprio diretor, o carioca radicado em São Paulo João Daniel Tikhomiroff, 59, premiado publicitário com mais de 40 Leões de Ouro no festival de publicidade de Cannes. Filho de um dos dirigentes do estúdio americano Universal no Brasil, ele fez curtas e foi montador quando adolescente, até que, aos 21 anos, foi parar na publicidade para levantar dinheiro para um longa, nunca acabado.
Agora, ele se cercou de profissionais conhecidos do cinema para fazer “Besouro”, escalando gente como a preparadora de elenco Fátima Toledo, o diretor de fotografia equatoriano Enrique Chediak e o chinês coordenador de cenas de ação Huen Chiu Ku.
“O Brasil não tem tradição de filmes de ação. Então eu fiquei pensando: “Como faz Tarantino nos seus filmes? Como foi feito “Matrix’?”. Aí descobrimos os chineses”, explica João Daniel, que ainda tem Gilberto Gil assinando a canção-tema do filme.
As filmagens foram feitas em quatro locações na Bahia, buscando a natureza exuberante da região, como a turística Lençóis ou Xique-Xique do Igatu, com 360 habitantes.
Orixás
“Besouro” foi inspirado no livro “Feijoada no Paraíso”, de 2004, do cartunista e publicitário carioca Marco Carvalho. A editora Record lançou uma nova edição, com fotografias do filme.
“Fiquei fascinado porque o livro é baseado em lendas do Besouro. As pessoas realmente acreditavam que ele voava”, diz o diretor. Besouro é um inseto que, por suas características, não deveria voar, mas voa, assim como o capoeirista.
A capoeira, luta criada por escravos trazidos ao Brasil, chegou a ser proibida por decreto até os anos 30, quando passou a ser permitida desde que acompanhada por policiais e em lugares fechados. A liberação total só veio nas décadas seguintes e, em 2008, virou patrimônio cultural brasileiro.
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