A história de Iansã Oiá, literalmente, "aquela que rasga", e que eu reconto aqui é para elas:
Iansã Oiá tinha um pai adotivo e vivia com ele na mata. Ele era o maior de todos os caçadores.Um dia, morreu e deixou Oiá muito triste.
Ela decidiu que queria fazer uma homenagem para o pai.Embrulhou seus pertences de caça num pano, preparou suas iguarias favoritas.E dançou e cantou por sete dias, espalhando seu vento por toda parte e fazendo vir todos os caçadores da terra.
Na sétima noite, embrenhou-se na mata e depositou ao pé de uma árvore sagrada os pertences de seu pai.Olorum, que sempre vê tudo, ficou comovido.
Fez da jovem Iansã guia dos mortos no caminho sagrado, Orum Aiê e mãe dos espaços dos espíritos.
Fez de seu pai, Odulecê, um orixá.E do gesto de Oiá, o ritual ao qual todos os mortos têm direito: comidas, cantos, danças e um espaço sagrado...
Iansã teve muitos homens e de cada um ganhou uma coisa importante:
De Ogum, o ferreiro divino, ganhou nove filhos e o direito de usar a espada para defender-se e defender os outros;
De Oxaguiã, o jovem construtor, ganhou um escudo para proteger-se dos inimigos;
De Exu, o mensageiro, ganhou o direito de usar a magia e o poder do fogo para realizar desejos;
De Oxóssi, o caçador, ganhou o saber da caça para alimentar seus filhos;
De Logun Edé, o senhor das matas, ganhou o direito de tirar das cachoeiras os frutos d' água para seus filhos;
Com Xangô, o juiz, viveu o resto da vida e ganhou dele o poder do encantamento, o posto da justiça e o domínio dos raios.
Um dia, houve uma festa, todos os orixás estavam presentes.
Omulu-Obaluaê, o temido orixá das doenças, chegou vestido de palha. Ninguém o reconheceu e nenhuma mulher quis dançar com ele.
Mas eis que, de repente, Oiá-Iansã entra na roda e atrave-se a dançar com o Senhor da Terra.E tanto girava que levantou o vento, e o vento descobriu a palha de Omulu.
Todos puderam ver o quanto ele era belo.E o reverenciaram.Ele ficou tão grato que fez de Oiá a rainha dos espíritos dos mortos, Oiá Igbalé, a condutora dos eguns, os espíritos dos mortos).E ela dançou de alegria a sua dança que convoca o vento.
As filhas de Iansã devem ser assim, apaixonadas, amantes dos temporais, amazonas de ventanias...Adília Belotti
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