Forçados pela ordem de Vovó Maria, de visitar possíveis locais onde ela pudesse trabalhar, estávamos eu e marido, acompanhados de um casal amigo, novamente " em campo".
lembramos da existência de um centro antigo. Este ficava numa rua totalmente deserta e íngreme, de acesso muito difícil, obrigando-nos a segurar nos montes de capim para não cairmos. Até o som dos atabaques que nos facilitaria identificar sua localização não era ouvido por nós. Finalmente olhei e vi um centro grande, de edificação antiga e mal iluminada.
Lá dentro encontramos duas moças sentadas num banco comprido e ao lado do altarestava um Preto Velho dando uma consulta à outra moça igualmente.
Olhando tudo a nossa volta, percebi que o local não contava nem mesmo com a assistência valiosa de um auxiliar.
O médium - um negro idoso - vestia roupa branca, uma vestimenta simples e bem surrada, junto com seu chapéu de palha bem castigado pelo tempo. Tudo espelhava humildade: o médium, o uniforme, o chapéu, a rua e o local.
Fui então pedir a bênção desse servidor. Quando curvei-me, senti que a chuva, escapando pelas goteiras da Casa, molhava minhas costas. Nesse momento, que não me sai da mente até hoje, notei que o Velho estava todo molhado. A cena doeu-me na alma e disse ao Preto Velho: " Vovô, o senhor me permite colocar o seu banquinho em outro local que não tenha goteiras?" Ele respondeu: " Filha, olhe para cima e você verá que não há nenhum local onde a chuva não possa penetrar. Tanto faz ficar aqui onde estou ou ir para outro lugar onde você tenha vontade de me colocar - será a mesma coisa!".
Seguindo a sugestão do Preto Velho olhei para cima e vi que o telhado era uma grande peneira!
Calei-me e minhas lágrimas, oriundas do exemplo de abnegação e modéstia do Velho, se misturaram à água da chuva que caía.
Ao fitar-me, falou o Velho: " Não fique assim não minha filha. O teu coração é muito grande, mas nós só podemos fazer aquilo que está ao nosso alcance. O que está passando pela sua cabeça, eu sei que você não pode realizar. A sua visita à essa hora da noite, com chuva e frio, já me mostrou o amor que você tem pela espiritualidade e o que eu posso fazer por você, é pedir ao nosso Pai que te abençoe, dando a você saúde e força para que você continue na sua busca a fim de cumprir a missão que a minha mana colocou em suas mãos".
Fiquei surpresa, pois eu não fizera nenhum comentário sobre o que a vó Maria me mandara fazer.
Eu agradeci ao iluminado espírito por tudo que nos desejou e saímos para a continuação de nossa "busca".
No carro eu não conseguia conter o choro de gratidão a Deus por ter-me apresentado aquele Preto Velho, anônimo, de "uniforme surrado", chapéu de palha gasto, chamado Pai Joaquim das Almas. O Velho me deu uma lição de sabedoria, amor, fé, caridade, e muita, muita humildade.
Com a cena na mente, de tudo que se passou comigo, cheguei a seguinte conclusão: Para se praticar a caridade, só precisamos de amor, boa vontade e uma espiritualidade verdadeira. Não precisamos de centros cheios, grandes, bem edificados, nem de muitos aparatos.
Ali naquele lugar, sem um número significativo de pessoas e sem estrutura material, tive a lição fundamental para a prática na vida espiritual - a humildade -, tive a base que me nortearia no meu relacionamento com os mentores e com os irmãos de crença e o ímpeto de estudar e pesquisar.
Do contato com o Preto Velho, afastado dos olhos das platéias numerosas e da pompa enganadora, saí impregnada do sentimento para a prática da Caridade", " Não cobrar, não matar,ter humildade,conhecimento da espiritualidade, evangelizar e utilizar as forças da natureza".
Muita Paz.
Postado por Mestres da Nova Era às Quinta-feira, Março 29, 2012
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