Por: Pai Joãozinho
Há mais de cem anos, quando a Umbanda começou em uma casinha simples, com pessoas simples e apenas uma rosa na mesa para enfeitar a sala, havia muita simplicidade, muita humildade, muito a se aprender e desenvolver.
Comecei a Umbanda para atender pessoas quer não eram aceitas em outras religiões ou em outras casas de “caridade”. Comecei também para dar oportunidade a centenas e centenas de Espíritos que queriam ajudar e lutar pelos que precisam, mas também não eram aceitos em outros “Centros Espíritas”, pois não tinham ou apenas não se apresentavam com nenhum grau de superioridade.
Existe ai um grande choque de interesses. Se a maioria das religiões prega que todos são iguais, porque uma pessoa de chinelo e calça de algodão ou flanela que entra em uma Igreja ou em um Centro é colocada nas ultimas fileiras e as pessoas de fino porte têm os melhores lugares para receberem as bênçãos?
Não seria o contrario?
Ou melhor, não seria nada. Chega e se pega o lugar!
Pois, independente da situação financeira todos têm suas necessidades, problemas e duvidas a serem escutadas.
Mas, do jeito que muitos falam e escrevem por ai, parece que as pessoas de situação financeira melhor são más, são egoístas, e isso é um erro, pois quem faz a seleção das pessoas e espíritos que irão, e aonde participarão das missas ou das sessões são os organizadores das mesmas.
Por esses motivos começamos a desenvolver a Umbanda, sem preconceitos, sem diferença entre indivíduos, com muito amor, caridade e sem esperar nada, mas nada mesmo em troca!
Isso é a Umbanda que eu plantei e que tem que ser vista como o pronto socorro para os seguidores das outras religiões.
Quando uma pessoa se machuca e quebra um braço, por exemplo, ela é levada imediatamente ao pronto socorro, onde, sem demora, sem mais perguntas é atendida, volta uma ou duas vezes para ver como esta a fratura, depois ela retira o gesso e some do pronto socorro.
Some, mas sempre se lembrara que, em uma situação difícil poderá voltar e, com certeza, será atendida novamente.
Pois bem!
Isto deve ser feito também nos Terreiros de Umbanda, onde muitas pessoas de varias religiões acabam vindo em momentos de desespero, recorrendo ao “pronto socorro espiritual” onde, sem nem mesmo se converter a nossa religião, devera ser atendida com o mesmo carinho e atenção que qualquer outro frequentador deles. Ela também poderá ter que voltar 2 ou 3 vezes para finalizar o tratamento e depois também sumirá. Mas no fundo de seu coração será sempre grata e sabe que se um dia precisar as portas estarão abertas a ela.
Hoje me entristece muito ver Terreiros de Umbanda se transformando em Shows, em Circos. Ver Alguns cobrando consultas, cobrando para fazer “trabalhos”. A Umbanda não faz trabalhos remunerados!
Vejo Pais de Santo sendo idolatrados como “Santo”, Pais de Santo maltratando seus filhos, escolhendo quem irá ter a “honra de falar com seu guia”.
Outros, e esses em minha opinião são os mais errados, que não deixam seus filhos se desenvolverem corretamente, inventado obrigações que não existem. Fazem isso para serem os centros das atenções.
Aí começa o erro, pois SOMOS TODOS IGUAIS.
Por esses motivos e mais alguns outros que muito nos magoam, é que nós, do plano espiritual, mentores da Umbanda, estamos estudando cada Terreiro de Umbanda, cada Médium, cada Cambono, cada Ogã e cada Pai de Santo, para começarmos a refazer a Umbanda, começarmos novamente, como fizemos há cem anos.
E isso já esta acontecendo. Iremos cuidar de acertar cada Terreiro, cada médium, cada cambono, cada Ogã e cada Pai de Santo para tomarem esse caminho e os que não se enquadrarem serão encaminhados para outros centros, mas não os de Umbanda. Ou simplesmente irão se afastar.
Precisamos colocar os pés no chão e nos lembrar dos primeiros ensinamentos: ter humildade, amor, solidariedade, etc.
Estamos com muita força e proteção para esse trabalho, pois se há cem anos começamos em uma tapera pequena e chegamos ate aqui, com certeza, conseguiremos alinhar tudo que é necessário.
Psiocografia :Gabriel Malagrida.
terreirodavobenedita@gmail.com
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Jornal Nacional de Umbanda, edição 21.