Há algum
tempo atrás, eu estava num seminário fazendo uma palestra sobre os Pretos
Velhos, e eu fiz um comentário sobre este ponto:
“Pai
Joaquim, cadê Pai Mané
Ta
na mata colhendo guiné
Diga
a Le que quando vier
“Que
suba a escada e não bata o pé”
Esta
cantiga, ou como queiram, este ponto, fala destas duas entidades maravilhosas
de nossa umbanda, Pai Joaquim e Pai Mané que eram dois excelentes curandeiros,
e cuidavam de todos, os negros com muito carinho.
“Certa
vez na senzala, o filho do dono da fazenda ficou muito doente, o fazendeiro
muito rico, mandou vir médicos de todas as partes, mais nenhum deles resolveu o
problema daquela criança, foi ai que então a escrava, a ama de leite da
criança, falou para a esposa do fazendeiro, que o Pai Joaquim e o Pai Mané
poderiam curar a criança com suas rezas e com suas ervas, a esposa do
fazendeiro falou jamais, meu marido me mataria se souber que um negro escravo
pois a mão em meu filho. Mais a negra foi muito insistente até que conseguiu
convencer a patroa em deixar os escravos a cuidarem da criança. Daí vem à
primeira parte da cantiga (desculpem mais falo cantiga, rs), a negra escrava
pergunta ao Pai Joaquim onde esta o Pai Mané e ele responde, ele foi para a
mata colher a guiné e as outras ervas para podermos cuidar da criança, é ai que
a escrava fala pro Pai Joaquim avisar o pai Mané, quando chegar a casa não
bater o pé, não fazer barulho para o fazendeiro não saber que eles estão ali.
Então os dois curandeiros conseguem curar a criança, e ai vem à segunda parte
da cantiga, onde todos os negros da senzala homenageiam aos dois, dizendo que
vieram de tão longe para trazer a cura para os necessitados. “Pai Joaquim êê,
Pai Joaquim ê a, Pai Joaquim vem la de Angola, Pai Joaquim vem de Angola ,
angola”. O mais curioso disso tudo, é que a criança foi curada, e ninguém teve
a coragem de falar para o fazendeiro que foram os dois escravos que curaram a
criança. Vcs viram uma cantiga tão simples, mais com muito fundamento. Quando
eu narrei esta história no seminário teve gente que chorou de emoção, é isto
ai, a humildade dos nossos Pretos Velhos, rezadores e
curandeiros.
Adorei
as Almas Ogan Juvenal
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