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segunda-feira, 11 de abril de 2011

OGUM – O Bravo Guerreiro

Divindade masculina iorubá, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal, Ogum é o arquétipo do guerreiro. Bastante cultuado no Brasil, especialmente por ser associado à luta, à conquista, é a figura do astral que, depois de Exú, está mais próxima dos seres humanos. O Guerreiro sempre foi a figura mítica do deus mais invocada, já que é sua função realizar no astral as guerras que os seres humanos não conseguem travar ou vencer na sua luta cotidiana. Foi uma das primeiras figuras do candomblé incorporada por outros cultos, notadamente pela umbanda, onde é muito popular. É sincretizado comumente com São Jorge ou Santo Antônio, tradicionais guerreiros dos mitos católicos, também lutadores, destemidos e cheios de iniciativa. Ogum segundo as lendas não era figura que se preocupasse com a administração do reino do seu pai, Odudua. Apesar de ter sido o eventual substituto do pai em diversas ocasiões, ele não gostava de ficar quieto no palácio, dava voltas sem conseguir ficar parado, arrumava romances com as moças da região e brigas com seus namorados. E, criando assim uma imagem política desmoralizante, acabava sendo enviado para o que mais gostava de fazer: lutar para conquistar territórios. Não se interessava pela administração do local conquistado. Ogum é aquele que gosta de iniciar as conquista mas não sente prazer em descansar sobre os resultados delas. Na África Ogum é o Deus do ferro ,a divindade que brande a espada e forja o f erro, transformando-o no instrumento de luta. Assim, seu poder vai-se expandindo para além da luta, sendo o padroeiro de todos os que manejam o ferro: ferreiros, barbeiros etc...É por extensão o orixá que cuida dos conhecimentos práticos, sendo o patrono da tecnologia. É o símbolo do trabalho, da atividade criadora do homem sobre a natureza, da produção e da expansão. Tem junto com Exú posição de destaque logo no início do ritual. Tal como Exú, Ogum também gosta de vir a frente. Tem algo em comum com as duas primeiras figuras do Zodíaco, os signos de Áries e Touro: a energia quase pura, explosivamente criativa e indomada, praticamente inesgotável do carneiro e a visão prática, utilitária, a determinação na busca de objetivos e a capacidade de trabalho do Touro. Como se pode depreender das indicações anteriores, Ogum não se prende a riqueza. Não se interessa pelo poder representado pelo governo, pelo controle do comportamento dos cidadãos em tempo de guerra, por atividades que exijam tempo, paciência e sutilezas diplomáticas ou cuidados com as repercussões secretas e milimétricas de cada atitude. Ogum gosta do preto no branco, dos assuntos definidos em rápidas palavras, de falar diretamente a verdade sem ter que se preocupar em adaptar cada discurso a cada pessoa. è arrogante demais para modificar seu modo de falar e ter de pensar que o que é lógico e válido para ele pode não ser para outros. Pouco se importa com a comodidade e dispensa o luxo. Todas as passagens dos rituais de Ogum, especialmente suas comidas ritualísticas, estão entre as mais despojadas dos costumes africanos. Gosta de dormir no chão, precisa que o corpo entre em contato sempre direto com a natureza e dispensa roupas elaboradas e caras, que possam ser complicadas de vestir ou que exijam muito espaço na mochila. A violência e a energia, porém, não explicam Ogum totalmente. Ele não é do tipo austero. Embora sério e dramático, nunca é contidamente grave. Contenção, aliás, é palavra que desconhece. Quando irado, é implacável, apaixonadamente destruidor e vingativo. Quando apaixonado, sus sexualidade é devastadora e não se contenta em esperar nem aceita a rejeição. Fora da guerra é o Orixá da alegria, da diversão, da delícia de viver, especialmente no contato com amigos e camaradas. Ogum gosta de alegria, de muita gente em volta ouvindo suas histórias, sendo a feijoada uma comida que eventualmente pode ser oferecida ao orixá, por ser um prato social por excelência. O numero associado a Ogum é o sete que divide com seu irmão Exú. Partilha com Exú também a violência, o individualismo e o gosto de entrar de cabeça nas lutas e guerras. Falta a Ogum porém a malícia de Exú que as vezes finge não estar brigando para melhor poder atacar o oponente, enquanto Ogum sempre ataca pela frente, sem medir perigos. Por outro lado, Ogum leva vantagem sobre Exú, mesmo sendo temperamental, dado a repentes, mantém-se fiel a seus próprios objetivos. Não quer vencer a batalha, mas a guerra como um todo. As dificuldades servem de estímulo a Ogum ,quanto mais obstáculos, mais eles permanecem na luta. Existem sete tipos diferentes de Ogum , mas Ogum Xoroquê merece destaque um destaque específico, pois é um orixá masculino duplo, ou seja, possui duas formas diferentes de manifestação. É associado à irmandade e afinidade estreita de Ogum com Exú, pois passa seis meses do ano como Ogum e os outros como Exú, sendo considerado guerreiro feroz, irascível e imbatível.

O Arquétipo dos seus filhos

Tendo um perfil psicológico e um conjunto de lendas riquíssimas, não é difícil reconhecer um filho do Orixá Ogum. Tem um comportamento extremamente coerente, arrebatado e passional, onde as explosões, a obstinação e a teimosia logo avultam, assim como o prazer com os amigos e com o sexo oposto. O arquétipo de comportamento associado a figura do ser violento, impulsivo, dado a brigas, que tem um grave conceito de honra, sendo incapaz de perdoar as ofensas sérias de que é vítima. Mas sempre termina tudo com uma boa gargalhada por ter reconhecido no adversário uma espécie de cúmplice de jogo. Gosta, assim tanto de guerrear a sério como de brincadeira, apenas para medir forças. Os homens e mulheres que tem Ogum como seu orixá de cabeça vão ter comportamentos diferentes de acordo com o segundo orixá que os influencia (o ajuntó), podendo atenuar sua tonalidade sangüíneo-passional, se o ajuntó for, por exemplo, Oxum ou aumentá-la ao extremo, se o ajuntó for Exú ou a guerreira Iansã. De qualquer forma, terão em comum alguns traços: são conquistadores, incapazes de fixar-se num mesmo lugar ou pessoa por muito tempo. São apreciadores das novidades tecnológicas, dos novos caminhos da ciência e de novas formas de desempenho profissional. Os filhos desse Orixá são pessoas curiosas e resistentes, com grande capacidade de concentração no objetivo a ser conquistado: a coragem é muito grande, a franqueza absoluta, chegando mesmo a falta de tato, que, acrescida à rudez habitual, pode conquistar-lhes a fama de mal educados ou pouco preocupados com os outros. É um líder nato, embora certas vezes não demonstre, gosta de assumir o controle de equipes com as quais está envolvido. Gosta de chefias e departamentos onde esteja presente o novo e o inexplorado. Em ternos físicos, o filho de Ogum tende a ser esguio, musculoso e atlético, mas não necessariamente volumoso. Tudo em Ogum se aproxima do conceito de despojamento, do ser que não tem tempo para ser vaidoso, por que está sempre de passagem. A vida dos filhos deste orixá é movimentada, sua casa tem poucos móveis., quase nunca de estilo antigo e de características barrocas, com cantinhos difíceis de limpar. Será um lar austero, com poucas peças, sempre muito práticas, deixando grandes espaços vazios, o importante para ele não é criar um ambiente harmonioso, mas ter cadeiras para sentar, mesa para servir as refeições ou trabalhar e pronto. Os cabelos das mulheres de Ogum costumam ser cortados curtos; quando longos, são mantidos soltos, lisos ou enrolados por uma permanente, ou seja, formas simples que não exijam perda de tempo.

O Culto ao Orixá

As oferendas e festas para Ogum , costumam realizar-se nas terças-feiras, dia a ele consagrado. Todas as danças dos filhos de Ogum possuídos pelo Orixá tem marcações marciais, de guerra e luta, sendo comuns os embates entre os filhos de Ogum e Xangô, velhos adversários. Excetuando-se Exú, de quem é companheiro e irmão, e Oxalá, a quem respeita como Patriarca, as relações de Ogum com os outros orixás masculinos (Aberós) não são muito boas, o que é lembrado nas festas. Com os orixás femininos (Iabás) o relacionamento é superficial, pois as considera apenas objetos sexuais. O elemento fundamental dos apetrechos de Ogum é o ferro, lembrando sua condição de ferreiro e metalúrgico. Sua cor é o azul-índigo ou o azul mais brilhante que o aço assume no momento imediatamente posterior a forja. Na base simplificada de três cores básicas que formam o panteão do candomblé (branco, vermelho e preto) , o azul é considerado tão somente uma variação do preto. Os sacrifícios para Ogum podem incluir galos e cachorros, sendo estes últimos animais com quem tradicionalmente se entende bem. As comidas cerimoniais a ele oferecidas costumam ser simples, preferencialmente secas, sem molhos elaborados, feitas com o mínimo de ingredientes possível para estarem prontas rapidamente, sem a necessidade de empregados para ajudar nem as panelas para cozinhar: seu prato por excelência é o inhame assado acompanhado de feijão fradinho rapidamente torrado diretamente no fogo – comida de viajante, em suma. Dependendo da circunstância podem ser-lhe oferecidos acarajé e feijoada acompanhado de cerveja. Sua saudação é um grito de guerra: Ogunhê!!! , sua filiação é Odudua e Yemanjá, seu elemento é o ferro, seus domínios são os caminhos e as guerras, seus instrumentos de atuação são a espada e o escudo. Dentre os Oguns mais conhecidos podemos citar: Ogum Iara, Ogum Megê, Ogum Beira Mar, Ogum Sete Ondas, Ogum Damasciano, Ogum Xoroquê, Ogum Sete Espadas, Ogum Matinada, Ogum Naruê, Ogum Sete Lanças, Ogum de Ronda entre outros.


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